segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Anjos que julgam...





CRIME


Sinos ressoam
Penas que voam
Um homem, acuado
Está para ser julgado

Neste tribunal de luzes
Ressoam muitas vozes
Porém uma em especial
É aquela que trará o seu final

Como a brisa matutina
Leve, graciosa
Um rosto quase de menina
Mas uma feição poderosa

Falas de solidão e de agonia
Pois este é o teu crime Egoísta
Essa sua incessante mania
Me cansas que insista

És julgado sem perdão
Tua alma só contém podridão
Me enerva esta tua postura
Tua paixão pela vida escura

As asas fazem uma pose feroz
E ele perde sua delicadeza
Mais parece um algoz
Espreitando sua presa

Não tenho a minima intenção
Se é o que esperas
De vir aqui e pedir perdão
No meio destas feras

Do meu crime sei muito bem
Peco com muito orgulho
Vejo a gota do orvalho
E sinto muito do que ela tem

Meu pecado é o sentir
Muito além do pensar
E não adianta colocar entendimentos
Nas curvas dos sentimentos

Herege! Maldito!
Ainda vangloria esta chama impura
Arrependa-se do que foi dito
Mas não espere alguma ternura!

Sei que não me compreende
Me acha uma abominação
Uma pena que não entende
Como trabalha a criação

Flerto com as trevas
Por dentro de minhas brumas
Mas não com intenções vis
Quero apenas coisas gentis

Ouça bem, anjo da Razão
Se é o fogo que me aguarda
Chame então aquele guarda
E jogue-me com paixão

Pois minha alma é tomada
Por tal chama tão odiada
E digo, com voz amena
Este é um crime que vale a pena

Não existe para você salvação
Pobre Egoísta insensato

Não preciso de sua lição
Acabe com isso, de imediato!

E o julgamento termina
De uma forma que fascina
Um fogo rubro envolve o firmamento
Afugentando todo e qualquer pensamento

sábado, 27 de dezembro de 2008

Algo como dar a luz...



(Pra alguém que vê a arte nas linhas mais tênues do mundo)

FILHOS

Ferro e brasa
Me arrasa
Dor sem fim
Mas é assim

Quanto choro
Sem decoro
Busque dentro
Eu enfrento
O pior que há
A nota lá
Soa em desacordo
Quase mordo
A escuridão interna
Mas me trava a perna
Faço um acordo

Letras esvoaçam
Nós que se desfaçam
Que prendem o meu interior
Sem um pingo de amor
Ponho tudo pra fora
Quero que isso acabe agora

Formas disformes
Páginas enormes
Música quase incessante
No fim, é um calmante
A sensação do criar
Cabe a você, todavia
A função de julgar
Isso gera harmonia
E também, melancolia

Agora, apreensão
Será que compreenderão
Mas já é tarde
Não faço alarde
Pois sinto aqui dentro
Um certo desalento
E já entendo de antemão
É hora de outra criação

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nunca vou ser

UM CARA NORMAL


Peço por favor
Que ouça com atenção
Falo com o fervor
Quase uma oração

O que é ser normal
É algo que faz mal
Partindo do pressuposto
Que eu sou é o oposto

Maldita hora marcada
Dane-se a sua desfeita
Em sua face, estampada
Minha imperfeição perfeita

Meu desejo pelo correto
É minha armadilha
Meu peito que fervilha
Destruo o que há de concreto

Farelos em minha mão
Desfecho em decepção
Coleciono mais um fracasso
Me peçam que eu vou e desfaço

Preso em arames
Medos arquitetados em andaimes
Meu desejo é de ter uma furadeira
E desfazer toda essa besteira

Mas só dou um passo por vez
Creio em algo melhor
Não ignoro o que você fez
Esperando por algo maior

Serei sempre uma decepção
Dos que esperam mais firmeza
Sou fruto da minha emoção
Minha força e minha fraqueza

Vozes em lugares estranhos
Sons e cores misturados
Olhares muito enfadonhos
Deslocamentos extremados

Essa é minha prece
Ela no fim me entristece
Para ser um cara normal
Só quero ser é igual

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ZzZzZz



SONOLÊNCIA E DESPERTAR

Despertador
E o calor
Já é de dia
Que agonia

Estou acordado
Mas não despertado
Dentro de mim
Durmo sem fim

Passado que me prende
Presente que não me entende
Só posso aguardar
O que o futuro compreende

Abra os olhos
Você me diz
Fico feliz
Não tem atalhos

Troca a coberta
É tão esperta
Me deixa em paz
Não me desfaz

Quarto escuro
Pula o meu muro
Então ilumina
E a sombra termina

Peço perdão
Por te atormentar
Ouço um não
Em seguida, um abraçar

Não sinto dor
Só o calor
Já é de dia
Que alegria

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sem título (?)





SOMBRA

É fim de tarde. Aquele período aonde fica claro e escuro ao mesmo tempo. Aonde o sol começa a perder sua força, mas ainda emana aqueles resquícios de calor e luz.

Um jovem procura uma sombra. Ele anda a esmo por um parque, na frente da minha casa. Me indago sobre suas intenções. Já está tão tarde, e ele anda, senta embaixo de uma árvore, procura uma sombra, e depois levanta, e repete o processo.

Seu andar é curioso. É como se não tivesse destino definido. Ele anda de forma despreocupada, olhando para baixo, sem nem se questionar se algo vem em sua direção. Então, subitamente ele para, e se senta.

Como se os ventos o empurrassem, e ele se deixasse levar.

Eu fico ali observando por horas. Ele caminha a praça inteira, sentando em todas as sombras possiveis. Já é quase noite, e já não existem mais sombras: tudo está tomado pelo véu da escuridão. As únicas sombras, agora, são as criadas pelas luzes dos postes.

Estas parecem não servir pra ele. Com que de repente, ele para, e se abaixa, sentando no meio da praça.

E ele se encolhe, abraçando suas pernas. Como se quisesse se proteger de algo. Como se quisesse lamentar sozinho.

E isso me comove, de certa forma.

Desperto, então, de meus devaneios. Já não há jovem na praça. Na verdade, nem há praça.

Só existe eu e minhas lembranças.

Lembranças de um jovem que buscava ser acolhido em qualquer canto.

Minhas memórias mais escondidas.

E então, fecho a janela.

O sorriso vem, mas...

INCERTEZA


Águas que levam sonhos
Também trazem meus demônios
Suas formas, torcidas, pandemônios
Marcados por desdenhos
E desenhos
De passos pesarosos
Desastrosos

Quando tudo está na mão
E vaza
Um momento que atrasa
E então
Tudo foi-se
Como um coice
Sem solução
Nas suas mãos com uma foice
Corta as folhas de forma rasa
Silêncio que me arrasa

Jatos de ar que saem do peito
Um grito
Logo, tudo está desfeito
O castelo tão bem erguido
Agora, destruído
Mas como pode isso acontecer
É algo que não pude prever
Só pode ser a minha incerteza
Uma viga mal estruturada
Que acaba com a firmeza
De minha fortaleza inacabada

Não existe desculpa
Jogue sua raiva
Como pedras em uma catapulta
Que acabam com a relva
Com o verde das folhas
São as minhas escolhas
Em forma de munição
Atiro em sua direção
Pois você vê as minhas falhas
Frases que soam como navalhas
E isso não tem perdão

O sorriso vem
Não me veja com desdém
Mas, como alguém com incerteza
E com medo também
De que veja minha impureza

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tempo que não passa





INFÂNCIA


Papéis, terno e gravata
Nó que não desata
Por dentro não importa
Logo você fica farta
Da infância que não tem fim

Documentos, provas e pagamentos
Rios de enfrentamentos
Ainda olho pela janela
E não enxergo nenhuma mazela
Na infância que não tem fim

Notas, cheques e resultados
Pensamentos não apagados
Tudo pra mim é tão grande
E o mundo quer que eu ande
Dessa infância que não tem fim

Mais, menos e mais
Sinto medo demais
Parece que nunca vou crescer
Algum dia alguém vai entender
A minha infância que não tem fim

Sou um adulto disfuncional
Nem um pouco racional
Desfunciono a adultice
E apego a minha criancice
Enquanto cumpro minha função
De ser mais um cidadão

De grande não tenho nada
Veja além dessa camada
Mas, não olhe muito
Se, o seu intuito
For apenas uma histeria
Tirar da minha fantasia

Olhe bem pra mim
Minha infância... não tem fim

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

No fim é o que mais pesa

ATOS


Atos
Rima com fatos
É minha conclusão
Sem alguma emoção

Atos
Que trazem desacatos
Pra dentro do seu mundo
Sou eu que me confundo

Atos
Desenhos abstratos
É coisa corriqueira
Ou eu que dou bobeira

Atos
Jogadores natos
Brincando de amor
E também causando dor

Atos, atos, atos
Três vezes mais sensatos?
É muito divertido
Haverá você partido?

Espero que entenda
Sem nenhuma reprimenda
Não é o que queria
Vejo que tu sofria
Devido aos relatos
De todos os meus atos

Mas ouça apenas a mim
Espero não ser o fim
Mas vou compreender
Se você desfazer
Dessa união
Se não ver mais função

No fim, são consequências
De nossas consciências
Brincando, insensatos
Sem ver os nossos atos

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Façam o funeral

MORTE INTERNA


Sinto calafrios
É aquela velha história
Sons bem vazios
Que ecoam na memória

Réquiem de uma semana
Você não me engana
Não tem porque lamentar
Tentei te avisar

Dizem que sou maluco
Pois vejo tudo opaco
Quero só entender
Como é esse desfazer

Esqueça de me salvar
Pois vai se machucar
Quero que seja feliz
Com seu jeito de atriz

Meu sorriso que confunde
Qual é o dessa vez
Nunca esqueço o que fez
Mesmo que tudo inunde

Algo morre dentro de mim
E eu não faço menção
Espero que fique assim
Essa é minha punição

Pois sou um egoísta
Um grande tolo fascista
Marchando por esse caminho
Criando meu "Império do Eu Sozinho"

Quando for imperador
Ainda sim sentirei dor
Pois algo morre dentro de mim
E eu espero que fique assim

Não tem porque lamentar
Pois tentei te avisar
Você não tem que me salvar

domingo, 7 de dezembro de 2008

Meu pedido de natal

SOLIDÃO ACOMPANHADA



Vejo o andar
Apressar
É meu tempo
Seu momento
Compre agora
Sem demora
Pois só vejo
Solidão

Pego a mão
Seu calor
Me traz dor
Compreensão
Não se vende
Vê se entende
Seu natal
Me faz mal
Pois só vejo
Solidão

Muitas vozes
Me incomodam
Céus atrozes
Intimidam
E eu corro
Para o mar
Então morro
De gritar
Pois só vejo
Solidão

Sem minha venda
Sofro demais
Não me entenda
Estou no cais
Quero esconder
O meu ver
Não aguento mais

Pois só vejo
A mim mesmo
Meu abismo
Solidão acompanhada
Quero fim
Na minha caminhada
De estar sem estar

Vem a mim
Cubra meu olhar
E me deixe descansar

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os males da falta e excesso de...

AFETO


Cuidado ao entrar

Pois tudo está a desabar

Meu castelo de areia

Vejo que você anseia

Por um canto

Mas no entanto

Vai ter que esperar

Faltam os móveis

Esteja avisado

Passos bem hábeis

De um andar descuidado

Sorriso descarado

Que me abraça

Me deixo cobrir

Para então sorrir

Sem ter o que desfaça

Este afeto que vem a surgir

Mas, decepção

Não tinha boa intenção

Era só cartão de visita

Seu jeito agora me irrita

Entoa então uma canção

Até nisso você me imita

Deixa tudo a desabar

Sem cuidado ao entrar

domingo, 9 de novembro de 2008

É o som...




CORPOS

Cordas que soam
A grande canção
Que toma a alma
Mas não me acalma
Me enfurece
E entristece
Perco a razão

Corpos que voam
Já sem motivo
Eu nem me esquivo
Entro sem medo
E eu recebo
Mais que queria
A sensação
Eu não sofria
Compreensão

Vozes que entoam
Ouça de perto
Lá do deserto
Sinto a força
É quase um choro
Que desaforo
Quero que torça
Por um final
Bem sem igual

Chega o fim
Olho pra mim
Total leveza
Sinto sem fúria
E sem tristeza
Quase luxúria
Das cordas que entoam
Dos corpos que soam
E das vozes que voam

sábado, 8 de novembro de 2008

Reles e os males de um...

ENGANO

Eu pensei que sabia
Que era o que eu queria
Mas o que eu não entendia
Era que não existia
Uma voz de sabedoria

Eu pensei que sabia
Mas entrei em contradição
Triste é o fato
Me retiram o tato
Quase sinto uma afasia
Gatos andando no corrimão
Papel amassado em minha mão

Eu pensei que sabia
Sabia que eu pensei
Eu juro que eu tentei
Driblar a minha apatia
Ondas paradas do mar
Sou eu tentando me enganar
Que eu sabia que sabia
Mas isso, agora
Sem nenhuma demora
Eu nem tento dialogar

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E agora, falar sobre o...

NÃO FALAR

É. Quando não se tem o que falar. O que se fala na ausência de palavras?

Eu sinto que existe uma força que me impulsiona a escrever. É com um fogo interno. Mas o que não é agradável, é que pra alimentar esse fogo, o combustível sou eu mesmo.

Minhas decepções, minhas lamúrias, minhas incertezas, meus medos, minhas tristezas... e nenhuma luz de alegria. Só me sinto capaz de escrever algo que ache remotamente decente quando estou assim.

Mais alguém sente isso?

Espero, honestamente, que sejam poucos. Porque é uma droga. Você sente que só consegue colocar ordens nas palavras quando elas estão desordenadas dentro de si.

É como se todos esses sentimentos negativos fossem argila, e ela fosse pesando dentro de você, até que você decide dar uma forma nessa massa primordial. E a forma sempre tem a ver com alguma porcaria de imagem ruim que você tem guardada na cabeça.

Não que me considere um escritor, um poeta, um algo... mas, será que o que define um criador de arte é a capacidade de se desconectar de si mesmo na hora de escrever? Eu sinto essa necessidade. Tudo que produzo é tirado de dentro de mim, e sai com minha forma. Sinto que escrevi coisas mais ou menos próximas de mim, mas nunca distantes.

Ou será que, na verdade, é isso que define?

Eu não sei... e não tenho pretensões de dizer que sei. E nem de ser considerado um criador de algo.

Eu só escrevo. Só isso.

E atualmente, não me faltam sensações ruins. Me faltam palavras ruins para descrevê-las.

Preciso, quem sabe, de um novo dicionário...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Só um pequeno desabafo

CANSAÇO

Cansado de ser depósito de problemas
Cansado de ouvir os mais sórdidos esquemas
Cansado de toda a falta de função
Cansado de não encontrar mais solução

Cansado de muita baboseira
Cansado de toda essa besteira
Cansado de quem reclama demais
Cansado de gente que fala mas não faz

Cansado de você e sua histeria
Cansado de saber tudo de antemão
Cansado de tanta baixaria
Cansado de muita hesitação

Cansado...

sábado, 18 de outubro de 2008

Hoje é dia de...




... postar mais uma foto e falar mais baboseira.

Eu não sei qual minha fascinação com suicídio e com a morte. Não é o simples fato de ter desejado que os corvos pousassem sobre meus ombros várias vezes... não. É algo mais.

A própria morte é algo que pouco se fala. Seja a causada por livre e espontânea vontade, ou seja a que se tem que enfrentar devido o curso natural da vida.

Fala-se pouco de morte, mas fala-se muito de vida, de qualidade de vida, de curtir a vida, de preservar a vida...

Mas creio ser impossível ter uma vida decente se você a passa evitando o final.

Se vivemos, se realizamos feitos, se nos motivamos a agir, a criar, a destruir, a pensar... é porque vamos morrer. É porque somos finitos. No fim, a morte é o motor propulsor de todos os seres humanos: faz-se porque um dia deixará de fazer.

Se fôssemos infinitos, não teríamos que nos preocupar com quando iríamos realizar alguma ação. Mas, não somos.

Quando se fala de morte, fala-se de vida. Como será o nosso funeral? Como será a notícia de que morremos? Quem irá ouvi-la? Como será ouvida?

As respostas destas perguntas falarão basicamente da vida. E não da morte.

Se falar de morte é difícil, falar de suicídio torna-se impossível. Pois o suicídio envolve uma série de sentimentos deixados naqueles que ficaram. Culpa. Incompreensão. Raiva. Impotência.

Mas, quando se fala de suicídio, também se fala de vida. Teríamos uma carta de suicídio? Como seria? A quem seria destinada? Como seriam nossas palavras? Como seria nossa morte? E porque iríamos desejar morrer? O que nos moveria a cometer tal ato?

Perguntas cujas respostas sempre falarão de vida.

Talvez meu fascínio por tais temas seja justamente por ser algo que faz parte do não-dito. Me sinto vivendo um livro de Harry Potter. Aquilo-que-não-deve-ser-nomeado.

E é inerente a mim o desejo de questionar e rasgar todas as convenções possíveis.

Talvez, em minha carta de suicídio, eu escreva sobre isso.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conversa paradoxal






AMOR PRÓPRIO

Falam pelas ruas que se você não se ama, você não pode amar ninguém.

Que você precisa de amor próprio para conseguir se relacionar. Que você tem que se valorizar. Que você tem que se amar.

Mas como que isso brota, do nada, em alguém que não aprendeu isso? Fala-se tanto, mas ensina-se tão pouco...

Será que é esperado que você compre algum livro de auto-ajuda miraculoso, e leia algum conselho duvidoso, finalmente compreendendo a arte de se amar?

Ou será que devemos, através do auto-conhecimento, olhar para dentro de nós e enxergar, do nada, uma forma de se amar?

Como enxergar um caminho que você nunca percorreu?

Como?

Não consigo conceber isso.

Além do mais, supondo que finalmente se gere esta consideração por você mesmo, qual a relação entre amor próprio e amor por outros?

Talvez eu seja apenas alguém muito confuso. Mas eu acho que as ordens de importância estão invertidas.

Deviam nos ensinar o contrário. Ensinar que o importante é amar o outro. Não de uma forma romantizada, idealizada, e dogmatizada. Simplesmente... deviam nos ensinar como você consegue mudar o dia de uma pessoa, talvez a vida, se você ama o outro verdadeiramente. Se ama as pessoas.

Um mundo aonde todos amam a si mesmos seria um mundo cheio de egocentrismo.

Um mundo aonde todos amam os outros talvez seria um pouco mais caloroso, mais cheio de afeto...

Somos falhos. Porque somos humanos.

Mas devíamos nos amar, de forma humanamente falha.

Porque é só o que temos.

Nosso amor falho. Defeituoso.

Porém, que pode ser sincero.

E então, não teríamos mais solidão.

domingo, 12 de outubro de 2008

Prosa sobre

FRACASSO

É quando o ar se torna rarefeito

É quando as palavras não geram efeito

É quando a ilusão se fortalece

É quando o meu medo não desvanesce

É quando minhas mãos se apertam sem parar

É quando os peixes não tem mar

É quando uma história descontada

Malfeita por intenção

Tem sua fala controlada

Sua rima destroçada

Por minha intenção

É quando o feito se torna desfeito

É quando o passo deixa de ser perfeito

É quando eu mando em seu comando

E desmando até não ter mais quando

Fracasso é uma sina

É como uma resina

Que ilumina

É uma mina

De falta de compasso

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Um segundo basta

DESESPERO

Falta me ar
Hidrofobia
Já não valia
Obedecia
Ondas do mar

Fale o lugar
Na multidão
Desesperança
Sem emoção
Desvalidão
Deixe passar
A temperança

Fraco mudar
Sem relevar
Fuga
Que me suga
Mais do que o amor
Vejo temor

Feito o luar
É o desespero
Amargo tempero
Desarrumar
Sem objetos
Sem opção
Vão todos quietos
Em procissão

Minha não esperança
É o novelo de alguém caprichoso
É a mão de um velho temeroso
Que não se cansa
Mas se amansa

Corvos no jardim do Éden
E o espantalho sou eu
Mas o desespero é seu
Com restos do que é meu

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Um grande e enorme...

BRANCO

Cheio no peito
Canto estreito
Não hesitar
Em reclamar

Falo demais
Não o que faz
Ser natural
Me sinto mal

Tanta agonia
É serventia
Pra decidir
Como fugir

Nada no peito
Curso desfeito
Sem o que dizer
Me desfazer

Envolto num branco
Torto no flanco
Quero voar
E não rastejar

E não lamentar

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pagando promessa





SAMBA

No meio da folia
Indecisão
Tanta alegria
Desarmonia
Mas só percebo
E também, recebo
Escuridão

Tanto pra olhar
Mas, ela não quer que veja
Não quer ser o que se deseja
Quer se isolar
É sua escolha
Ter sua ilha
Aonde se dança só
Uma dança que não levanta pó

Alegria e tristeza
Ausência de certeza
Falta um abraço
Mas o que diabos eu faço
Nesse samba dos opostos
Eu me ponho a postos
Pra entender os seus passos
Nossos compromissos
Descompromissados
Bagunçados

Não dá pra não rir
E também emocionar
Você sabe se divertir
Mas sabe se afugentar
Corre sem direção
Mas é minha intenção
Que você pare de sambar
Esse samba da confusão

Pode até ser que demore
Mas...
Não sou incapaz
Sei o que colore
Um cinza que não desfaz

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Não se acha mais




RAZÃO DE VIVER

O que impede você de acabar com sua vida nesse exato momento?

Essa foi uma pergunta que me foi feita por um senhor anônimo na internet. Sua coragem, sua ousadia, me desarmou. Me senti despreparado para responder tal questão.

Mas, essa é uma questão primordial. Deveria ser feita ao menos uma vez por ano, com todas as pessoas do mundo.

Pra que viver, se não há sonhos, se não há esperança, se não há cores, expectativas, ideais, propostas, ou mesmo ilusões...?

Quando Coisas Pequenas não desenhou nada dentro da sua vida...

Quando suas cores simplesmente não estão em você...

Quando, mesmo cercado, você se sente sozinho...

Olho pela janela, e não vejo muita coisa. Minhas janelas quebradas, ainda não arrumadas.

E eu, me apego a uma vontade de que minha vida seja tomada por um mínimo afago de Coisas Pequenas...

Porque pior que tê-lo atrapalhando com pequenas distrações

É não tê-lo de forma alguma.

Ultimamente, tenho problemas para dormir. Logo eu, que dormia tão facilmente, agora me sinto com sorte se consigo repousar por 3 horas seguidas. Minha cama, nesses dias, é como um inferno retangular.

Logo, vejo que estava cego. Perdido em minhas idéias ridículas, esqueço como Coisas Pequenas nunca saiu do meu lado. O simples fato de agora estar com sono é uma prova disso.

Minha casa parece ser um segundo lar desta entidade. Olho para meu pai, e vejo que ele daria tudo para conseguir apenas andar sem sentir dor. Olho para minha mãe, e sorrio com sua felicidade em conseguir, simplesmente, comer.

E olho pra mim.

E... olho pra mim.

Olhem pra vocês também. E, sem demora, vão notar como Coisas Pequenas rabiscou algo aí do lado. Pra bem, ou pra mal.

É só prestar atenção...




(Obrigado, Débora, por dar vida de uma forma simples a um devaneio criativo meu chamado Coisas Pequenas)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

E dentro de mim...

CHUVA

Quanto mais o tempo passa
Meu ânimo se descompassa
Cores que vêm e vão
Mas no fim, só uma fica
Falta de variação
É o cinza, o que implica
Que acaba o que comove
Dentro de mim... chove

Quanto mais o tempo passa
Menos eu quero
Mas eu reitero
Nada mais tem graça
Folhas sem uma escrita
Seu olhar que me evita
Até me sinto aliviado
Passos dados sem cuidado
Daqui até a porta são nove
Dentro de mim... chove

Quanto mais o tempo passa
Situação devassa
Felino com sua caça
Campos sem beleza alguma
Ando por suas flores
E não olho pra nenhuma
Não morro de amores
Não vejo suas cores
Espero que algo se renove
Dentro de mim... chove

Chove dentro de mim
E pra esse temporal sem fim
Não tenho guarda-chuva

domingo, 28 de setembro de 2008

Sem escapatória

JULGO

Sonhei que eu tinha a lei nas mãos. Que eu tinha A Palavra. Que era meu dom. Eu, com meu dedo indicador, firme, tinha o poder de julgar as pessoas.

Elas não podiam reagir. Meu julgamento era implacável. Com um disparo cruel, perfurava o santuário de cada ser vivente e lhes enquadrava com rigor.

Sonhei que eu tinha a lei nas mãos.

E então eu vi que eu de nada tinha de especial...

E eu vi que eu era humano.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Só mais uma noite perdida...

INSÔNIA

Corpos que deitam
Porém em vão
Braços que inquietam
Mente que ferve
Não tem o que serve
Falta menção
Ao meu sofrimento
Juro que tento
Noite sem fim

Cama de espinhos
Penso em você
Despenso em pensar
Tento caminhos
Escalo moinhos
Pra relaxar
Nada resolve
Noite sem fim

Não tem problema
É o mesmo esquema
A muitos verões
Penso em você
Despenso em pensar
Seus corações
Vem me irritar
Eu quero dormir
Se me permitir

Vou terminar
Essa noite sem fim
Doce desejo
Sol a raiar
Corpo a gritar
Como eu invejo
Quero pra mim
A sensação
Do descansar
Tem solução?

Acho que não

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

0



CICLO

Nasce o menino
Cresce o rapaz
Jovem e franzino
Não satisfaz

Já chega a hora
De trabalhar
Agonizar
Vamos embora

Ganham as rugas
Venham as fugas
É uma opção
Satisfação?

Já na velhice
Tanta crendice
Ele morreu
E outro nasceu

Ciclo da vida
Ciclo da morte
Não que me importe
Dou-lhe partida

Leio "Aqui jaz"
Digo "Até mais"
Pois nasce um menino
E cresce um rapaz

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Quando tudo que você quer dizer é um grande e sonoro



Fuck your fucking possession

Fuck your demanding opression

Fuck your lack of intellect

Fuck the people you select

Fuck your mindless indulgent talk

Fuck even the way you walk

Fuck most of the stuff you hear

Fuck all the people that we fear

Fuck the constant noise of your moaning

Fuck the depressive idea of you whinning

Fuck the fucking fuckers

Fuck all the endless haters

Fuck that goddamn idiot of a God

Fuck that, i would beat him with a rod

We're just monkeys in disguise

We're everything you despise

Monkeys that dance in demise

Fuck you and fuck myself

Fuck the fuck itself

Se esse texto em inglês

Não é para vocês

É algo que não me intima

E só pra manter a rima

Não quero terminar com "Se fu"

Mas com algo de estima

ENTÃO VÁ TOMAR NO SEU CU

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Mesmo esmo

REPETIÇÃO

Minha vida é um constante rolo de criação

Minha vida é um instante rolo de falsidão

Minha vida é um constante mar de depressão

Minha vida é um instante mar de impressão

Minha morte é um constante mar de punição

Sua morte é um gritante ser de devassidão

Sua morte é um gritante ser de destruição

Sua morte é um repente ser de instrução

Sua morte é um repente elo de constrição

Sua vida é um gritante elo de maldição

Repetição repetição repetição repetição

Minha vida não é

Minha morte é

Sua vida é

Sua morte não é

Morte

Vida

É

Não é

domingo, 21 de setembro de 2008

(não) quero falar

SUICÍDIO

Passos largos diante de uma parede
Vozes claras que ensaiam um coral
Fotos penduradas em um grande mural
É minha vida se esvaindo, como água em uma rede
Mão que permanece vazia
Ódio em demasia
Eu vejo o teu suicídio

Me faz tremer a noção
Que minha falta de coração
Tenha feito você sofrer
E te levado ao seu fim
Não devia ser assim
Você não tinha que morrer
Ainda o vejo dentro de mim
Estranha sensação

Vou correndo
Em direção seu enterro
Entendendo
Que tudo foi meu erro
Seu tirar de vida
Que idéia descabida
Era eu quem devia
Acabar com sua agonia
E depois, terminar compreendendo
Que deveria ter sido a minha partida
Não a tua
Alma nua
O suicídio deveria ter sido meu

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

E todos se lembrarão de mim como...

UM TIPO DE MONSTRO

Eu sou o nada
Uma não-pessoa
Que destoa
O que esmera
De forma sincera
Uma derrota
Idiota
Amargurada

Não me olhe
Pois eu sou o nada
Me humilhe
Faça o favor
Traga pavor
Para minha mente
Castigada
De repente
Até sinta dor

Egoísmo
Sou a não-pessoa
Meu eu voa
No teu cinismo
Bem na proa
Se alarme
Me desarme

Sou a lua
Não aguento
Mais tormento
Vou pra rua
Ela é tua?
Diz que não
Faz menção
Insinua

Eu sou o nada
Uma não-pessoa
Que desabotoa
Ilusão criada
Desfigurada
Pelo nada
Que é o não-ser
E não pertencer

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

E quem não sente falta de...

QUANDO SER CRIANÇA

Quando ser criança significava o ápice da alegria

Quando ser criança era esconder de trovões, mas sair na chuva

Quando ser criança fazia um abraço algo feliz

Quando ser criança deixava seu joelho ralado

Quando ser criança tinha cheiro de bolo de aniversário

Quando ser criança mexia debaixo da cama

Quando ser criança trazia presentes no Natal

Quando ser criança deixava muito medo da escola

Quando ser criança deixava saudade da mesma

Quando ser criança mandava subir em todas as árvores

Quando ser criança permitia chegar em alguém e dizer "Vamos ser amigos?"

Quando ser criança fazia a gente querer crescer, mas ter medo de gente grande

Quando ser criança é só uma lembrança...

Quando ser criança dá saudades...

Eu olho pra dentro de mim

E a saudade passa

Porque aqui, não existe o Quando

Apenas o Ser Criança

Retorno



Acordei, com fome, e fui fazer um adorável miojo. E, logo ao me levantar, me sinto invadido por uma estranha sensação de melancolia.

Mais estranho que isso, a música tema do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain começa a tocar na minha cabeça, incessantemente.

Isso não é algo a se descartar...

Parece ser um tema da minha vida. Coisas pequenas. Não basta escrever um poema sobre isso, tem que ter mais. Pensei em chamar esse blog de "Coisas Pequenas", mas Caos e Música entrou na frente do pensamento, ambos discutiram, e Coisas Pequenas se contentou em esperar.

Mas Coisas Pequenas é esperto. Pode não ser o nome do blog, mas manipula, dentro de mim, uma toada enorme de sentimentos.

Quer filme que mais represente o amor pelas coisas do que esse?

Enfim... deve ser a primeira vez que uso um blog pra sua função que é mais conhecida. Sabe, aquela coisa de "Hoje me sinto assim e bla bla bla..."? Pois é. E é estranho. Mas um estranho legal.

Novamente, Coisas Pequenas me cutuca por dentro. E, como Amélie, tenho um desejo enorme de enfiar meus dedos em um enorme saco de feijão. Ou de tacar pedrinhas no rio. Ou de sentir o toque de uma mão, na minha. Talvez, de rir enquanto se chupa uma manga do jeito infantil, e não daquela forma hermeticamente esquadrinhada que uma faca produz...

Mas, esse blog é Caos e Música. A música já está na minha cabeça. E aonde estaria o caos nisso tudo?

O caos está no oposto. Quanto se perde quando Coisas Pequenas resolve agir de forma a atrapalhar? Aquela palavra a mais na frase da pessoa que você ama. Um olhar, que não dura um segundo? Aquele meio ponto a menos na sua prova. Aquele silêncio que parece uma Muralha da China, mas que não é nada mais além de nossas próprias inseguranças...

O quanto se ganha, e o quanto se perde, quando você é abraçado por Coisas Pequenas na sua vida?

Do saco de feijão até as palavras.

Das pedras ao olhar.

Do toque com passagem nos pontos pelo meio.

E mangas que brotam nas Muralhas da China do Silêncio.

Obra do senhor Coisas Pequenas.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O que fazer?

PÁSSAROS NA JANELA

Eu não tenho mais janelas. Quebrei todas. Eu honestamente vi que elas não me serviam de mais nada. Então, com um martelo, quebrei todas.

Mas, de nada resolveu. Ainda continuaram os buracos. Janelas quebradas são perigosas. Cheias de cacos, farrapos, pedaços de uma abertura que outrora você controlava.

Mas agora, não mais.

Então eu jazi ali, parado. E decidi que era hora de fechar minhas janelas.

De súbito, um pássaro pousou em uma das minhas janelas quebradas. Cacos refletiam suas formas. Mil deles estavam ali, as janelas diziam, com seu jeito reflexivo de demonstrar as coisas. Vidros que são transparentes, mas refletem.

Havia um pássaro em minha janela quebrada. Eu pensei em afugentá-lo. Que insolente! Não lhe dei direito pra sentar nos cacos de minhas aberturas. O que você quer?

O pássaro perigosamente saltitava por redor dos restos que ali estavam, esparramados. E então me preocupei.

Me preocupei porque seria muito egoísmo deixá-lo ali. Ele não tem como saber que ele pode se ferir.

Lentamente, me aproximei. E estendi meu dedo. O pássaro, graciosamente, deu um pulo e sentou em meus dedos.

Mas que bastardinho folgado você, não? Entra dentro de minhas aberturas, clama por um espaço, e agora invade meus dedos. Eu ria, pois em sua simplicidade animal, ele apenas deveria pensar que aquilo era um galho.

E que eu era uma estranha árvore móvel.

Sentado ali, envolto de pedaços de vidro e madeira... eu era uma grande árvore móvel. E eu me senti feliz.

Danem-se minhas janelas quebradas.

Eu agora só quero que os pássaros venham.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Shhh...

VOZES

Estou no fundo do poço
(Alguém que ouço?)

Estou na beira do precipício
(É algum tipo de artifício?)

Estou vendo um genocídio
(Não me fale em suicídio)

Não estou mais...

(Não ouço nada além de vozes)
Quem são os meus algozes?

(Não quero cantar contigo)
Penso apenas no meu inimigo

(Não falo, porque ficam a gritar)
Eu não dou mais a mínima: quero te matar

Shhh. Estou ouvindo

Este som se repetindo

As vozes se entretendo

E eu me arrependendo

De dar ouvidos a um amigo

É esse o meu castigo
(Parem de falar, não estou entendendo)

Não quero escutar, mas não tenho escolha
(Eu não quero que me acolha)

Caos que chama a paz
(Música que se desfaz)

Vozes...
Falem o que me satisfaz

domingo, 14 de setembro de 2008

Vamos falar de...

SOLIDÃO

É a quinta marcha em movimento

É o verão, puro entretenimento

É a boca que se abre pra praguejar

É uma droga que te faz viciar

É o fascínio pela escuridão

É o vazio envolto na sua criação

É nada mais que um nome

É aquilo que me consome

É o dito de um egoísta

É o que faz com que eu insista

É a chegada da velhice

É o sinal da insandice

É o desfortúnio que vem em abraço

É uma fonte inesgotável de cansaço

É um verso que não rima

É o que sinto ser minha sina

É o brado que confina

É o circo sem pantomima

É uma porcaria

Eu queria

Solidão?

Não

É o que importa

AS COISAS PEQUENAS

Tudo que irrita
São as coisas pequenas
Aquele tom de voz
Cheio de palavras amenas
O momento a sós
E o silêncio que imita
Com sua força que não se limita
O não-falar mais barulhento que existe
Aquele momento que persiste
Com o não-dizer entre nós

Dizem aqueles que possuem a sabedoria
"Olhe esta coisa pequena
E se deixe levar pela euforia
Da coisa que faz valer a pena"

A voz que me conduz
É a mesma que me confunde
Será que você entende
De uma forma acessível
Essa idéia impossível
De uma coisa que seduz
E nas mesmas medidas
Cria vidas sofridas?

Vida
Regida pelas coisas pequenas

Vida
Regida pelas coisas

Vida
Regida

sábado, 13 de setembro de 2008

Só pra guardar.

Hoje é aniversário de um caro amigo: sho, Razor, Katz, Bruno, enfim, ele tem vários nomes, e também um blog: http://serparamorte.blogspot.com/

Escrevi isso pra ele, mas queria guardar ela aqui também. Sho, espero que não se incomode comigo colocando seu presente aqui haha ^^

Acho que, assim como ele... essas palavras vão pra qualquer um que ame a sabedoria.




ESTRANHEZA

Louco? Talvez
Ouvi isso mais de uma vez
Suas palavras incomodam
A todos aqueles que se acomodam
Por ser a estranheza

Tolo? Jamais!
O que fala tem brilho
Não se esqueça mais
Deste seu poder
Poder de fazer
Um completo descarrilho
Por ser a estranheza

Não me preocupo, inicialmente
Em enquadrar seus dizeres
E nem criticar os seus fazeres
Pois o que acho, realmente
É que essa quase realeza
É um dos maiores prazeres
Pois nos tira a certeza
De estranhar a estranheza

Mais estranho seria
Se este ser peculiar
Com seu amor pela sabedoria
Deixasse de filosofar

Isso sim, seria a completa estranheza.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Como folhas no outono, eles começam a sumir...

AMIGOS

Se eu tenho amigos?
Dentro de mim, posso dizer que sim
Se eles sabem que eu os tenho?
Boa questão...
E eu acho que a resposta é não
Mas não por puro desdenho
Ou por um tormento cheio de engenho
É simplesmente porque sou um idiota

Se eu tenho amigos?
Eu quero acreditar que sim
Pensar que as risadas
Todas as noitadas
Foram realmente... enfim
Foram

Se eu tenho amigos?
Vou sorrir como uma criança
Que não perde a esperança
Se souber de sua consideração
Eu não ligo pro destino
Apenas quando ele diz "Eu te ensino"
Mas o que ele me fala
É que no fim, sempre vem a separação

Quando as palavras me faltam
Só quero me distanciar
Quando as felicidades me saltam
Penso apenas naquele som
Como uma doce sinfonia
Ah, mas como ele é bom
É o som da alegria
De responder, sem hesitar
"Sim, eu tenho amigos"

Tudo que eu queria, honestamente
É me dizer o que vem em mente
Através dessa escrita confusa
Coloco pra fora, de forma obtusa
Algo que a voz não consegue projetar
Um simples
Sincero
"Amo todos meus amigos"

Vista turva

ESTRANHO CONSIGO

Há um estranho dentro de si

Sim, eu posso ver

Você acha que eu não o vi

Não tente me entreter

Com seus jogos de poder

Com suas falácias

Sua coleção de audácias

Essas idéias se misturam como num caleidoscópio

Pra ver dentro de sua couraça

Honestamente, eu nem preciso de telescópio

Não há véu que desfaça

A constante agonia

De ter um estranho dentro de si

Que em sua soberania

Se chama "você mesmo"

O si que eu vi

É o mesmo que existe aqui

E nessa simetria do si

Só posso falar

Com um pouco de pesar

Que, agora, eu parti.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Estações de humor

ESPERANÇA

A esperança é uma dança
Dança
Que me cansa

A esperança é um fardo
Fardo
Que petardo

A esperança é uma ilusão
Ilusão
Que me turva a visão

A esperança é uma piada
Piada
De graça desviada

A esperança é um grande mal
Mal
Que me torna igual

A esperança
Desesperança
Ela me toca e destrói meu intento
Faz pensar que tudo que enfrento
É só mais uma dança
A dança
De quem descansa
Da desesperança que é sentir esperança

Tudo que mais detesto

ESPERA

Quando você precisa esperar as chamas acenderem
Mas, dentro de si, sente que elas já estão mais do que acesas
Quando você sente que sua voz saiu antes mesmo do pensamento
Essa espera se torna um lamento.

A água corre em ambos os sentidos
Paradoxalmente, eles formam uma só direção.
Um descaminho da falta de atenção.

E

S

P

E

R

A

Longa, e com um vazio enorme entre os acontecimentos.
Pássaros que voam e roubam meus sentimentos.
Sou eu, ou no fim, todos estão desatentos?

Você cai, e eu tento te ajudar
Após isso, espero ver se vai melhorar
Mas o que desejo mesmo, é ver se alguém vai ligar
Pra minha espera que não tem aonde ficar.

E então... só resta esperar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Uma falsa sensação de...

LEVEZA

Antro da falta de idéias.
Escasso. Falho.
É a tal da leveza.
É nela que me encalho.

Não se deixe enganar.
Leveza de espírito?
Soa mais como "falta do que falar".

De certo eu pareço trágico demais.
Por ficar dando valor na dor.
Mas se eu não tiver implicâncias
Então escrever, jamais.

E agora, só posso mencionar um fato.
Reclamo de não ter do que reclamar.
Pois isso me faz perder o tato.

Mas isso tudo é besteira.
É só um monte de asneira.
Escrita por alguém que não consegue é dormir.
E por alguém que não entende como existir.


Sou tão leve quanto pedras rolando em um travesseiro pra ursos.

domingo, 7 de setembro de 2008

Desconto

REPÊNCIA


Estava eu caminhando por aí, em um dia. Mas era um daqueles dias aonde o céu parece o final de um filme. Aonde você olha ao redor, e não vê o redor. Só vê a mesma coisa. Ironicamente, eu estava bem disposto e animado. E assim, fui entrando, sem pedir permissão, na padaria. Não me lembrava se devia pedir permissão, mas entrei.

Quando adentrei no estabelecimento, me direcionei até a atendente. Sorri, e disse:

- Bom dia!

E a atendente me fulminou com um direto de substantivo:

- Parece que eu não sou nada mais do que um resto, um desacato ao seus padrões de perfeição. Continue assim, então. Quem sabe, você não consegue a minha atenção? Mas, tenha essa certeza em mente: você é ninguém!

Aquilo me deixou deveras estupefato. Que atendente mais nervosa! E eu só queria comprar uns pãezinhos...

Intimidado pelo discurso carregado da moça, me pus a caminhar pro fundo do estabelecimento, como se desejasse olhar alguma coisa. Encontrei uma senhora, ali. Provavelmente ela deve ter ouvido a conversa. Com um ar de descontração, iniciei:

- Você ouviu o que aquela moça disse?

A senhora, sorrindo, disse então, com um ar de troça:

- Parece que eu não sou nada mais do que um resto, um desacato ao seus padrões de perfeição. Continue assim, então. Quem sabe, você não consegue a minha atenção? Mas, tenha essa certeza em mente: você é ninguém!

Havia algo de estranho ali. Era uma piada? E, mais importante... tinha alguém rindo?

Logo apareceu a dona do estabelecimento. Antes que eu pudesse abrir minha boca (mas, a tempo de colocar meu dedo indicador no ar, o que era um indício de que eu estava a conversar sério), ela disse, com um tom bastante pacificador:

- Parece que eu não sou nada mais do que um resto, um desacato ao seus padrões de perfeição. Continue assim, então. Quem sabe, você não consegue a minha atenção? Mas, tenha essa certeza em mente: você é ninguém!

E eu saí. Com a maior pressa do mundo.

De fora, o céu ainda parecia de final de filme. Mas, meu projetor só tinha uma legenda impressa, em minha mente: as três mulheres falaram exatamente... nada!

Logo me vi acuado. Todas as mulheres me olhavam, me censurando. Eu sentia, que se falasse um "A", elas diriam, em coro, aquele texto decorado, que parece ter sido impresso em um canto bem estranho da cidade.

Eu não resisti:

- Hmm... A?

E o que ouvi era como uma orquestra:

- Parece que eu...

- Meu bom Deus!

Sai correndo. Eu estava ficando louco! Era a única explicação aceitável, nesse momento de falta de produtos no meu nível de aceitação. E eu estava pagando caro por esse, e não recebia benefício algum...

Corri por um bom tempo, até sentir que estava só. Mas isso foi, de certa forma, engraçado. Eu sempre me sentia só. Porque agora me sentia perseguido? Que inferno, me deixe voltar pra minha solidão!

Quando olhei, estava de frente pra casa da minha mãe. Faziam anos desde que visitei ela pela última vez. Me senti compelido a entrar e conversar com ela. Precisava ouvir um conselho. Daqueles que só uma mãe sabe.

Eu entrei, e lá estava ela. Sentada no sofá da sala, lendo um livro. Quando me viu entrando, ela sorriu. E eu também.

- Mãe, eu acho que estou ficando louco! - logo disse, de supetão.

Ela me fitou com curiosidade. Fez um sinal pra que eu sentasse perto dela. Seus olhos, que me viam com eternos 4 anos de idade, e sempre buscavam ver se eu havia comido e não estava doente, me faziam uma varredura. Então, ela disse:

- Porque você diz isso, meu filho?

E eu me senti aliviado. Uma mulher que não reproduziu aquela fala profana!

- Eu... hoje, por várias vezes, tudo que eu consegui foi ouvir todas as mulheres a minha volta dizerem a mesma coisa! Sempre, sempre a mesma fala vazia, sem conteúdo, irritante como o tilintar de um vidro quebrado, que arranha um quadro sem a mínima piedade!

Minha mãe, sábia, colocou minha cabeça em seu colo, e acariciou meus cabelos. Eu me sentia acolhido. Não existe lugar melhor pra resolver seus problemas, do que a sua antiga casa.

- Sabe, meu filho, eu sei exatamente porque você está passando por isso.

- E porque, mãe? - respondi de imediato, ansioso por uma luz materna.

Ela respirou profundamente. Parecia que ia revelar algo muito trágico. E então, falou, com sua voz acolhedora:

- Parece que eu não sou nada mais do que um resto, um desacato ao seus padrões de perfeição. Continue assim, então. Quem sabe, você não consegue a minha atenção? Mas, tenha essa certeza em mente: você é ninguém!

E então, eu entendi.

Eu entendi que, o que eu não entendia... era simplesmente que não me entendia.

E eu chorei.

Puro e simples.

ÓDIO


Como um enxame furioso de fagulhas, eu tenho ódio.
(Na verdade, o ódio é que me tem)
Fico aqui esperando um alento que me torne menos atento.
(O que não quero é que me olhem com desdém)
Padre, por favor, pare de me dar sermão.
(Eu não quero é me firmar com ninguém)
Pra mim, Deus não passa de uma invenção.
(Já não basta minhas mãos no pescoço de alguém)
Eu olho o rio que passa por mim
(Saia de perto, eu quero ver você morrer)
E só enxergo um abismo sem fim.
(E você acha que no fim vou sofrer?)
E o abismo sou eu.
(E no fim, o ódio é que me tem)

E (no fim) o ódio (não mais) me quer (com vida)

sábado, 6 de setembro de 2008

Quando você apenas quer dizer...

OBRIGADO


Você não é obrigado a dizer obrigado

Mas, tanto faz.

Quantas vezes a chance

De abraçar alguém com essas palavras

Quantas chances, de uma vez.

E você se sentiu obrigado.

E então, o frio.

Eu brinco com a idéia

De que um obrigado, não se deve ser obrigado.

Mas dado, entregado, desejado.

Uma lufada sutil de ar puro

Que desfaça

Que entrelaça.

Embora eu, muitas vezes, tenha receio

Eu não quero me perder agora, em um devaneio.

Vou direto ao ponto.

E quero apenas dizer, obrigado.

E pode ter certeza

Que esse não foi obrigado.

Isso faz uma falta...

SENTIDO

Eu não sei se tem sentido

O que você tem sentido

Falamos no mesmo sentido

E eu não sinto nada.

Sentimento. Medida de sentido.

O que eu tenho sentido.... faz sentido pra você?

Pra mim, é só fumaça comprimida, e depois, expelida, e logo em seguida, sumida...

Ou seja, mais bobagem aleatória.

Nada com sentido.

Tudo que eu quero, na verdade

É sentir que tenho um sentido.

Mas nessa vida de um sentido

É tudo que não tenho sentido.

E assim começa...

Eu honestamente nunca me imaginei fazendo isso, mas... me convenceram. Taí, um espaço tosco, que aos poucos vou fuçando, pra tacar minhas idéias descabidas em forma de palavras.

Também comecei a notar que andava escrevendo mais do que o orkut conseguia comportar. Então... pra cada desvario que me fizer acordar as 4 da manhã só pra escrever, eu venho e coloco aqui.

Não que seja algo bom. Nem algo ruim. São apenas palavras jogadas no vento da internet.


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Pra começar, acho que deveria me apresentar.



VALSA

Não quero começar com eu.

Mas já não adianta mais.

Porque o eu saltou por dentro do não.

É o eu na forma de negação.

Para aqueles que não me conhecem

Eu me apresento então.

Sou o produto do sopro divino

O acaso feito sem menção.

Eu sou a valsa de uma pessoa só.

Cantada por ninguém a não ser ninguém.

Passos ensaiados dentro de um salão escuro.

Iluminado por globos de luzes que iluminam só um alguém.

Sim, eu sou o descaso acabado

Trazido pelas mãos de um mendigo.

Aquele que foi ignorado

Mas ainda sim, conseguia sorrir.

Pois essas letras que dançam no salão

São uma valsa de uma pessoa só.

Desligue a luz ao sair.