terça-feira, 5 de julho de 2011

Achados do Armário (literalmente)



Um pequeno pedaço de papel encontrado numa gaveta, com um escrito bem antigo. Melhor imortalizar ele aqui antes que suma... não tem nome. Apenas letras.

Há beleza
Na tristeza
Onde a mente há de voar
Há beleza
Na tristeza
Quando tendo a chorar
Lágrimas como um vale
Não preciso que me fale
De uma vida de dissabor
De existir só em dor
Ó meu Senhor...

O agora é impossível
Pois o ontem não me permite
E vivendo sempre devendo
Pra um amanhã que insiste
Em me ludibriar
Uma musca do que buscar
Completar no que eu falto
Minha percepção em salto
Pra encontrar o meu valor
Ó meu Senhor...

Porém o que realmente busco
É como a Ti encontrar
Mas para que isso aconteça
Quanto devo trabalhar!
Pois olho para meu dia
Nem o sol traz harmonia
E quando chega a noite
Altas doses de anestesia
Buscando esquecer
Meu vazio interior
Ó meu Senhor...

Mas é nesse vazio
Que Tu se manifesta
Como as águas de um rio
Que preenchem uma fresta
De uma rocha no teu cursar
E por ti, meu grande Deus
Tudo quero abandonar
Troco momentos infinitos
De incerteza e inquietude
Por um segundo, um segundo
De tua infinitude
Um pequeno momento eterno
De tua plena plenitude

E mesmo que logo morra
Morrerei em paz
E minha lápide dirá "Aqui jaz
Um alguém que encontrou o amor
Pois ele encontrou a Ti,
Ó meu Senhor..."

quarta-feira, 9 de março de 2011

Não podia faltar




Entre um poema e um pseudo-conto, apenas algumas palavras:

Parem de se preocupar com a vida alheia.

Letras e mais letras são gastas condenando este festejo que, honestamente, não me chama atenção.

Já fiz parte dos condenadores de carnaval, falando como ele estereotipa o país, todo o gasto de dinheiro, blá blá blá... mas hoje percebo que isso era extremamente vazio.

Quem gosta de carnaval, não vai dar a mínima se você não gosta. E não é porque eu e você não gostamos que agora fazemos parte do mesmo clube secreto de pessoas superiores e conscientes da nação.

Se você não se diverte com carnaval, leia um livro, toque um instrumento, medite, faça algum tipo de caridade, mas por favor, não gaste dedos reclamando. Pois ano que vem, tudo estará aqui de novo, e esse inconformismo apenas lhe fez perder alguns minutos da vida atoa.

Reclamando dos reclamadores, ó ironia.

Disto sempre sou acusado



CRIME

Minha vida é um crime
Uma contravenção penal diária
Penalizo a minha vida criminosa
Dia-a-dia de dor hilária
Minha voz temerosa
O claustro é meu regime

Não sabe a falha que cometera
Ao estender sua mão
Será em vão
Pássaros a debandar
Fogem para além da queimada
Sua face inconformada
Me diz além do falar

Se Deus semeia a Terra
É buscando frutos colher
Mas uma árvore que não se enterra
Nada pode oferecer
E se nem o nascer ela imprime
O veredito é dado
Seu viver é um crime

Entre tanto sofismo
Curvas de dizer doentio
Queria dizer só que temo
Acordar e estar vazio
Sem raízes para me firmar
Vivendo um novo crime
De viver pra lamentar

Que surpresa...



Olha, eu as vezes sumo daqui, então nem percebi os recados deixados falando sobre isso. Iniciativa interessante, gostei.

Infelizmente, não conheço muitos blogs pra recomendar haha. Listarei 2 que me apetecem então, e peço desculpas por não poder seguir a risca o combinado haha:

O Flautear das Marés

Acid Life

Nome: Pedro de Falco Fernandes
Uma música: Terry Oldfield - Om Shanti
Humor: Flutuante, introspectivo-falador (ou seja, falo de tudo, menos de mim)
Uma cor: verde
Uma estação: outono e inverno
Um seriado: No momento... House
Frase e/ou palavra mais dita por você: "Sei lá..."
O que achou do selo: Gostei bastante, acho que é no mínimo uma forma de divulgar blogs de pessoas que buscam essa divulgação.

domingo, 9 de janeiro de 2011

EU QUESTIONO

Eu questiono
A pálida face do luar
Questiono também o amar
Carregado de pedras
Jogadas dentro do mar

Eu questiono
O suspiro apaixonado
Um olhar que me é jogado
Em nome de um receio
Quanto medo instigado

Eu questiono
Meu talento para a intriga
Quanta dor que te castiga
Para ter o meu abraço
Entoando a mesma cantiga

Eu questiono
Porque tanto questionar
Mas questiono sem falta
Porque tanto se incomodar
Com meu pensar em voz alta

domingo, 2 de janeiro de 2011

Simples



QUANDO FALO POR FALAR


Meu mundo interno
É escasso de imagens
Gritos de uma névoa de inverno
Palavras e mais palavras
Meu eu e suas chantagens

Ao passo que insisto
Por leves etiquetas
Há muito eu não resisto
Devia usar plaquetas
Exprimindo meu pesar
A busca de um falar
Ter ordem nas gavetas
Tão cheias
Idéias sem expressar

Uma mão invisível
Em forma de anedota
Meu medo mais sensível
Rasgado
sou um grande idiota
Eu realmente creio
Que faço algo que valha
Mas tudo é um mero anseio
De ligar minha alma falha

Ligue os pontos e faça
Um desenho que se embaça
Papéis em meio a traça
Nada com conexão
Num mundo sem amigo
Faço comigo a comunhão
E do meu desejo me desligo
Falar apenas por falar
Sozinho na multidão

quarta-feira, 2 de junho de 2010