sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nunca vou ser

UM CARA NORMAL


Peço por favor
Que ouça com atenção
Falo com o fervor
Quase uma oração

O que é ser normal
É algo que faz mal
Partindo do pressuposto
Que eu sou é o oposto

Maldita hora marcada
Dane-se a sua desfeita
Em sua face, estampada
Minha imperfeição perfeita

Meu desejo pelo correto
É minha armadilha
Meu peito que fervilha
Destruo o que há de concreto

Farelos em minha mão
Desfecho em decepção
Coleciono mais um fracasso
Me peçam que eu vou e desfaço

Preso em arames
Medos arquitetados em andaimes
Meu desejo é de ter uma furadeira
E desfazer toda essa besteira

Mas só dou um passo por vez
Creio em algo melhor
Não ignoro o que você fez
Esperando por algo maior

Serei sempre uma decepção
Dos que esperam mais firmeza
Sou fruto da minha emoção
Minha força e minha fraqueza

Vozes em lugares estranhos
Sons e cores misturados
Olhares muito enfadonhos
Deslocamentos extremados

Essa é minha prece
Ela no fim me entristece
Para ser um cara normal
Só quero ser é igual

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