sábado, 28 de fevereiro de 2009

fOCO ABSURDO estranho





REALIDADE

grande caridade PORCARIA DE REMENDO real imaginário destruído
DESTITUÍDO largado de um lado TOSCO FOSCO IMUNDO INSANO amor falta
praia areia quente PÉS amenidade que basta sua palavra me faz querer vomitar
amo fogo DECIDI UM DIA QUEIMAR MINHA MÃE ela morreu MEU SONHO MAIS ESTRANHO
chamei de meu amor
gostei de andar no vidro SEU IDIOTA QUERO QUE MORRA SEU IMUNDO PORCO MALDITO ODEIO VOCÊ quero saber o porque disso tudo somente por curiosidade
santidade inDEPENDENTE DE ALGUMA TEORIA maluca que você possa dizer quero sair por aí e mastigar o asfalto quente QUERO SABER O PORQUE DAS LETRAS NÃO SE ENCAIXAREM alguma coisa nada aqui FAZ SENTIDO
SABIA QUE VOCE ESTÁ MORRENDO POR FORA eu rio de sua falsidade voce fala de mim pelas costas mas quer me lamber por dentro QUER OLHAR DENTRO DE MINHA BOCA E VER BORBOLETAS VOAREM DE FORMA CIRCULAR eu queria que tudo acabasse bem porém o fogo não deixa falta gente aqui do meu lado eu queria poder arrancar seus cabelos COMO PODE VOCÊ DIZER QUE ISSO NÃO TEM GRAÇA EU SÓ QUERIA SENTIR REPULSA basta de você por aqui eu só sei voar de um jeito MINHAS mãos que sufocam seu cão idOSO QUE JÁ PEDE E CLAMA por paz somente você pode dar um jeito nisso tudo EU ESPERO QUE VOCÊ NÃO ESTEJA pensando em MIM AGORA PORque eu vou matar você se estiver SOMENTE SE VOCÊ NÃO ESTIVER QUERENDO SENTAR DO MEU LADO eu quero tanto um abrigo mas livre do calor só quero frio gelo é bom FAZ BEM VOCÊ DIZER QUE ESPERA UMA COISA A MAIS DO QUE AMOR PORQUE VOCÊ É UM SANTO DESGRAÇADO e eu um dia estava na rua e pensei que tudo poderia abrir e engolir CALMAMENTE adocicado DOCILMENTE docilMENTE menteDOCIL palavras vazando de meus dedos sem conexão MAS QUEM QUER ENTENDER QUE NÃO ESPERE UMA RECOMPENSA NO FINAL somente palavras nada mais desconexidade coisas inventadas CAPS LOCK É UMA TECLA DO TECLADO COM A FUNÇÃO DE COLOCAR AS LETRAS COMO SE ESTIVESSEM GRITANDO mas agora eu estou gritando e ninguém dá a mínima não é como se tivessem que dar mesmo SE FOR PRA LIGAR LIGUE A TV E ACALME SEU ESPÍRITO doe suas calças para mendigos inóspitos na rua joão justino fernandes EU TROCO A TENDÊNCIA DO DIÁLOGO TODA HORA COM MUDANÇAS DE CAIXAS e você acha engraçado e cult CULT CULT É ENGRAÇADO GRAÇA sem graça G R A Ç A que não em aqui dentro estou ficando vazio

vazio

vazio

preto tudo preto nada mais aqui dentro

gastei tudo

GASTEI A MINHA LAMA NÃO TENHO MAIS O QUE CRIAR E NEM TENHO MÃOS PARA TECER

arranquei meus órgãos e isso soa estranho pra quem lê

não tente criar linhas aonde não se precisa de conexões de pertencimentos estranhos e descabidos

de olhos fechados eu falo sobre o nada

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Basta uma palavra errada, e...

CASTELO DE AREIA


Sons que ecoam
Repetidos
Grãos de areia que voam
Meus anseios
Doloridos

Mar
Água salgada
Anda de mão dada
Desejo de estar

Um tropeço acontece
Quando nem se percebe e
Já era
Meu rancor você tece
Acabou a primavera

Ondas impiedosas
Vão e se quebram
Quebram e se vão
Lágrimas caridosas
Pedido de perdão

Escrevo
Gritam por dentro
Meu antro
Com falta de relevo
Pedras que perfuram
Os pés
E o coração

Acordo
E em meu lado
Amarelo ouro
Sentimento duradouro
E então recordo
Estou apaixonado

Passos na areia
Que a maré apaga
Mas sua mão que afaga
Não mais
É alheia
Me pertence

Ou ao menos gosto de pensar assim
Insegurança
Força de vontade para não ver o fim
Do castelo
Areia da esperança

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Não precisa soar a verdade

IMPERFEIÇÃO


É eu sou imperfeito
Não tem que repetir
Você pede meu respeito
Para depois vir ferir

É eu sou imperfeito
Doce ilusão
Ver meu desajeito
Auto-destruição

É eu sou imperfeito
Já é mais um lamento
Fogo em meu peito
Mentiras que invento

É eu sou imperfeito
Falar é muito complexo
Para isso sou eleito
Falta total de nexo

É eu sou imperfeito
Perfeita inquietude
Misture com o malfeito
Veja minha amplitude

É eu sou imperfeito
Não tem mais que frisar
Mas o que não aceito
É você me pisar

Pois essa minha essência
E a minha vivência
Me trazem a lição
Da completa imperfeição

É eu sou imperfeito
Poderia dizer alguém
Mas sem nenhum despeito
Vocês são imperfeitos também

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Desdizendo






GATOS NO TELHADO



Andar cuidadoso
Quase que pesaroso
Não pise em falso
Cuidado
Se cair
Não darei conta do recado

Almofadinhas nas patas
Olhar atento e vigilante
Sensações inatas
E então um caminhar saltitante

Sente-se numa savana
Uma selva toda urbana
Explorador de atitude
Como um bandeirante
Segue seu rompante
Abrindo caminho
Mas sempre sozinho

Agora
Quase lá
Vamos sem demora
Olhe para cima
Quase pode alcançar
O Sol que intima
Todo o seu explorar

Tão longe e intocável
Um mal imperdoável
Este gato sonhador
Com jeito de filhote
Um grande apanhador
Acham que é fracote
Estranham
Mas não passa de fricote

Adeus céu azul
Agora vou para o Sul
Esse é o sentimento
No miado frágil
Entoado sem ressentimento
Pois ele é ágil
Sabe que é hora
De ir embora

Logo a Lua aparece
E o felino faz uma prece
Em seu pensar felinesco
Clama por tranquilidade
E um chão que seja bem fresco
Uma mão que acaricie
E que aprecie
Um motor que não desliga
Quando afague sua barriga

Então acordo
Com inveja dando pontadas
Alegrias não cantadas
Gato enroscado no coração
Querendo um telhado
Para olhar a Lua
Mas que decepção
Nem tenho pelo malhado
E não vivo na rua

Tenho que resolver
Essa minha atração lunar
Não quero ver crescer
Essa angústia laminar

Mais do mesmo




Eu ando muito bem ultimamente.

Minha vida nunca pareceu tão estável quanto agora.

E isso é deveras estranho. Muito estranho.

O que estou mais acostumado é viver as emoções com intensidade. Boas, ruins, não importa quais... minha vida sempre as jogou em minha cara com toda a força possível.

Mas agora, tudo que sinto é uma leve e agradável brisa no rosto.

E isso é muito bom. Afinal, não era por isso que ansiava? Por toda minha vida, pensei em como seria quando tivesse esse momento, e agora que tenho, só consigo definir como já o fiz.

Estranho.

Tão acostumado estou, com a alternância violenta entre o fundo do poço e o paraíso, que até consegui fazer algo de produtivo com isso. Comecei a compor. A escrever. Veja só, de um buraco cavado por mim mesmo, consegui pegar a terra jogada e criar formas com ela.

Entretanto, se não cavo mais buracos, não tenho mais terra. E sem ela, não crio nada.

Porém, não estava eu cansado disso?

Eu não sei... a sensação é de que eu só aprendi a olhar a vida de uma forma. Uma forma nada agradável e positiva. E, além disso, retirei proveitos dela.

Todos os meus lamentos vinham com a esperança de um momento de paz.

O momento chegou, e agora eu não faço idéia de como me portar. Será que preciso de um traje específico para o momento? Traje "Aproveite a vida"? E mais importante: ele demanda o uso de gravata?

Como um animal criado em cativeiro que é liberto, vivo aquele momento inicial após a soltura. Um receio do que está por vir.

Tudo que sei é que a minha produção vai diminuir drasticamente. Afinal, falta-me matéria prima. Então, seja lá quem lia aqui, não estranhe a falta de escritos.

Eu deveria agradecer por estas férias inesperadas.

O problema é que, em meio ao sol brilhante, eu estou usando roupa propícia para um funeral.

Só temo estar acostumado a outros timbres, e perder a paz que estava aqui o tempo todo, por não ter visto.