sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Os males da falta e excesso de...

AFETO


Cuidado ao entrar

Pois tudo está a desabar

Meu castelo de areia

Vejo que você anseia

Por um canto

Mas no entanto

Vai ter que esperar

Faltam os móveis

Esteja avisado

Passos bem hábeis

De um andar descuidado

Sorriso descarado

Que me abraça

Me deixo cobrir

Para então sorrir

Sem ter o que desfaça

Este afeto que vem a surgir

Mas, decepção

Não tinha boa intenção

Era só cartão de visita

Seu jeito agora me irrita

Entoa então uma canção

Até nisso você me imita

Deixa tudo a desabar

Sem cuidado ao entrar

domingo, 9 de novembro de 2008

É o som...




CORPOS

Cordas que soam
A grande canção
Que toma a alma
Mas não me acalma
Me enfurece
E entristece
Perco a razão

Corpos que voam
Já sem motivo
Eu nem me esquivo
Entro sem medo
E eu recebo
Mais que queria
A sensação
Eu não sofria
Compreensão

Vozes que entoam
Ouça de perto
Lá do deserto
Sinto a força
É quase um choro
Que desaforo
Quero que torça
Por um final
Bem sem igual

Chega o fim
Olho pra mim
Total leveza
Sinto sem fúria
E sem tristeza
Quase luxúria
Das cordas que entoam
Dos corpos que soam
E das vozes que voam

sábado, 8 de novembro de 2008

Reles e os males de um...

ENGANO

Eu pensei que sabia
Que era o que eu queria
Mas o que eu não entendia
Era que não existia
Uma voz de sabedoria

Eu pensei que sabia
Mas entrei em contradição
Triste é o fato
Me retiram o tato
Quase sinto uma afasia
Gatos andando no corrimão
Papel amassado em minha mão

Eu pensei que sabia
Sabia que eu pensei
Eu juro que eu tentei
Driblar a minha apatia
Ondas paradas do mar
Sou eu tentando me enganar
Que eu sabia que sabia
Mas isso, agora
Sem nenhuma demora
Eu nem tento dialogar

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E agora, falar sobre o...

NÃO FALAR

É. Quando não se tem o que falar. O que se fala na ausência de palavras?

Eu sinto que existe uma força que me impulsiona a escrever. É com um fogo interno. Mas o que não é agradável, é que pra alimentar esse fogo, o combustível sou eu mesmo.

Minhas decepções, minhas lamúrias, minhas incertezas, meus medos, minhas tristezas... e nenhuma luz de alegria. Só me sinto capaz de escrever algo que ache remotamente decente quando estou assim.

Mais alguém sente isso?

Espero, honestamente, que sejam poucos. Porque é uma droga. Você sente que só consegue colocar ordens nas palavras quando elas estão desordenadas dentro de si.

É como se todos esses sentimentos negativos fossem argila, e ela fosse pesando dentro de você, até que você decide dar uma forma nessa massa primordial. E a forma sempre tem a ver com alguma porcaria de imagem ruim que você tem guardada na cabeça.

Não que me considere um escritor, um poeta, um algo... mas, será que o que define um criador de arte é a capacidade de se desconectar de si mesmo na hora de escrever? Eu sinto essa necessidade. Tudo que produzo é tirado de dentro de mim, e sai com minha forma. Sinto que escrevi coisas mais ou menos próximas de mim, mas nunca distantes.

Ou será que, na verdade, é isso que define?

Eu não sei... e não tenho pretensões de dizer que sei. E nem de ser considerado um criador de algo.

Eu só escrevo. Só isso.

E atualmente, não me faltam sensações ruins. Me faltam palavras ruins para descrevê-las.

Preciso, quem sabe, de um novo dicionário...