terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Chegando ou saindo?

FUGA



Um grito.

Ouço um grito.

Estava eu sentado na calçada. Era noite.

E então, um grito.

Procurei com os olhos, mas... nada. Apenas pessoas que caminhavam alheias dos seus arredores.

Fiquei preocupado. Foi um grito rápido. Não consegui perceber se era um grito de alegria. Ou de medo. Seria alguém que estava infeliz? Ou, muito pelo contrário, alguém extremamente feliz?

Olho ao redor, novamente. Jogo a responsabilidade de tal grito nas costas dos transeuntes, mas eles não parecem se incomodar. Malditos inconsiderados. Ninguém liga. Só eu ouvi.

Um mártir perfeito.

Foi um daqueles momentos dúbios, aonde o corpo não sabe que caminho seguir. Chamo alguém? Não faço nada? Vai que era só alguém que bateu o pé...

Perguntas que invadem minha cabeça. Que me impedem de agir.

Quantas fugas estaria tramando ali, naquele momento? Fugir de minha apatia, ao ir atrás de tal grito. Fugir de comprometimentos, ao procurar desculpas para não agir.

Fugas e mais fugas... cada ação é uma fuga de um estado anterior.

É diferente quando temos uma motivação. Pois não estamos, então, correndo de algo. E sim, para algo.

Chegando. E não saindo.

E, naquele momento, não havia motivação alguma. Era um grito a esmo.

E eu, na calçada, alguém a esmo.

Sem nada nas mãos.

Não deve ser nada para me preocupar.

Dito isso, fujo.

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