terça-feira, 2 de junho de 2009

A abnegação


O enforcado. Símbolo de entrega, negação de si, a verdadeira martirização.

Eu me enforco várias vezes, e desejo uma platéia.

Porém, não quero uma falsa sensação de leveza. Quero a glória verdadeira, destinada para aqueles que superam seus anseios e desejos, sua futilidade e mediocridade.

Queria conseguir escalar as montanhas mais altas, atingir o cume de cada uma delas. Apenas para sentir mais perto de algo superior.

Mas quando falta uma platéia, as vezes as coisas perdem a graça. Pra alguns, a platéia é mais importante que a escalada.

Eu era assim.

Constantemente olho pra esses meus escritos, e agora tento achar um novo rumo para eles. Se antes reclamava de que me faltava tristeza para escrever, agora comemoro: falta-me tristeza para escrever!

Porém, estou me esforçando para escrever de alegria. Poemas alegres parecem irrelevantes, sem profundidade. Porém, não seria essa uma forma de valorizar demais a dor e sofrimento?

Valorizamos demais nossos sacrifícios diários.

Então, enquanto me enforco, um poema bobo e simples para, quem sabe, ser o início de uma mudança de ares:



O GATO


Já diziam os antigos contos
Que quando nasce um felino
O céu diz "Eu te ilumino!"
E o gato se enche de graça
Um contraponto
Para um mundo que se prende na desgraça

Pequenos passos cambaleantes
Olhares suplicantes
Pedindo amor
Uma pequena bola de pelos andante
Que a qualquer instante
Será um exímio caçador

Brinca com o ratinho
Mas não por crueldade
Ele só sabe este caminho
Quem quiser julgar
Ou até condenar
O fará por pura vaidade
Futilidade em demasia
Recriminar tamanha alegria

Dizem que eles tem sete vidas
Idéias que passam despercebidas
Pois esta é uma numeração divina
Quer maior confirmação
De que algo ilumina
Esta cuidadosa criação?

Sob a luz da lua
Todos se põem na rua
E cantam para homenagear
O brilho tênue do luar
Que são uma eterna lembrança
Da luz que os banha
E traz a esperança

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