terça-feira, 21 de outubro de 2008

Só um pequeno desabafo

CANSAÇO

Cansado de ser depósito de problemas
Cansado de ouvir os mais sórdidos esquemas
Cansado de toda a falta de função
Cansado de não encontrar mais solução

Cansado de muita baboseira
Cansado de toda essa besteira
Cansado de quem reclama demais
Cansado de gente que fala mas não faz

Cansado de você e sua histeria
Cansado de saber tudo de antemão
Cansado de tanta baixaria
Cansado de muita hesitação

Cansado...

sábado, 18 de outubro de 2008

Hoje é dia de...




... postar mais uma foto e falar mais baboseira.

Eu não sei qual minha fascinação com suicídio e com a morte. Não é o simples fato de ter desejado que os corvos pousassem sobre meus ombros várias vezes... não. É algo mais.

A própria morte é algo que pouco se fala. Seja a causada por livre e espontânea vontade, ou seja a que se tem que enfrentar devido o curso natural da vida.

Fala-se pouco de morte, mas fala-se muito de vida, de qualidade de vida, de curtir a vida, de preservar a vida...

Mas creio ser impossível ter uma vida decente se você a passa evitando o final.

Se vivemos, se realizamos feitos, se nos motivamos a agir, a criar, a destruir, a pensar... é porque vamos morrer. É porque somos finitos. No fim, a morte é o motor propulsor de todos os seres humanos: faz-se porque um dia deixará de fazer.

Se fôssemos infinitos, não teríamos que nos preocupar com quando iríamos realizar alguma ação. Mas, não somos.

Quando se fala de morte, fala-se de vida. Como será o nosso funeral? Como será a notícia de que morremos? Quem irá ouvi-la? Como será ouvida?

As respostas destas perguntas falarão basicamente da vida. E não da morte.

Se falar de morte é difícil, falar de suicídio torna-se impossível. Pois o suicídio envolve uma série de sentimentos deixados naqueles que ficaram. Culpa. Incompreensão. Raiva. Impotência.

Mas, quando se fala de suicídio, também se fala de vida. Teríamos uma carta de suicídio? Como seria? A quem seria destinada? Como seriam nossas palavras? Como seria nossa morte? E porque iríamos desejar morrer? O que nos moveria a cometer tal ato?

Perguntas cujas respostas sempre falarão de vida.

Talvez meu fascínio por tais temas seja justamente por ser algo que faz parte do não-dito. Me sinto vivendo um livro de Harry Potter. Aquilo-que-não-deve-ser-nomeado.

E é inerente a mim o desejo de questionar e rasgar todas as convenções possíveis.

Talvez, em minha carta de suicídio, eu escreva sobre isso.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conversa paradoxal






AMOR PRÓPRIO

Falam pelas ruas que se você não se ama, você não pode amar ninguém.

Que você precisa de amor próprio para conseguir se relacionar. Que você tem que se valorizar. Que você tem que se amar.

Mas como que isso brota, do nada, em alguém que não aprendeu isso? Fala-se tanto, mas ensina-se tão pouco...

Será que é esperado que você compre algum livro de auto-ajuda miraculoso, e leia algum conselho duvidoso, finalmente compreendendo a arte de se amar?

Ou será que devemos, através do auto-conhecimento, olhar para dentro de nós e enxergar, do nada, uma forma de se amar?

Como enxergar um caminho que você nunca percorreu?

Como?

Não consigo conceber isso.

Além do mais, supondo que finalmente se gere esta consideração por você mesmo, qual a relação entre amor próprio e amor por outros?

Talvez eu seja apenas alguém muito confuso. Mas eu acho que as ordens de importância estão invertidas.

Deviam nos ensinar o contrário. Ensinar que o importante é amar o outro. Não de uma forma romantizada, idealizada, e dogmatizada. Simplesmente... deviam nos ensinar como você consegue mudar o dia de uma pessoa, talvez a vida, se você ama o outro verdadeiramente. Se ama as pessoas.

Um mundo aonde todos amam a si mesmos seria um mundo cheio de egocentrismo.

Um mundo aonde todos amam os outros talvez seria um pouco mais caloroso, mais cheio de afeto...

Somos falhos. Porque somos humanos.

Mas devíamos nos amar, de forma humanamente falha.

Porque é só o que temos.

Nosso amor falho. Defeituoso.

Porém, que pode ser sincero.

E então, não teríamos mais solidão.

domingo, 12 de outubro de 2008

Prosa sobre

FRACASSO

É quando o ar se torna rarefeito

É quando as palavras não geram efeito

É quando a ilusão se fortalece

É quando o meu medo não desvanesce

É quando minhas mãos se apertam sem parar

É quando os peixes não tem mar

É quando uma história descontada

Malfeita por intenção

Tem sua fala controlada

Sua rima destroçada

Por minha intenção

É quando o feito se torna desfeito

É quando o passo deixa de ser perfeito

É quando eu mando em seu comando

E desmando até não ter mais quando

Fracasso é uma sina

É como uma resina

Que ilumina

É uma mina

De falta de compasso

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Um segundo basta

DESESPERO

Falta me ar
Hidrofobia
Já não valia
Obedecia
Ondas do mar

Fale o lugar
Na multidão
Desesperança
Sem emoção
Desvalidão
Deixe passar
A temperança

Fraco mudar
Sem relevar
Fuga
Que me suga
Mais do que o amor
Vejo temor

Feito o luar
É o desespero
Amargo tempero
Desarrumar
Sem objetos
Sem opção
Vão todos quietos
Em procissão

Minha não esperança
É o novelo de alguém caprichoso
É a mão de um velho temeroso
Que não se cansa
Mas se amansa

Corvos no jardim do Éden
E o espantalho sou eu
Mas o desespero é seu
Com restos do que é meu

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Um grande e enorme...

BRANCO

Cheio no peito
Canto estreito
Não hesitar
Em reclamar

Falo demais
Não o que faz
Ser natural
Me sinto mal

Tanta agonia
É serventia
Pra decidir
Como fugir

Nada no peito
Curso desfeito
Sem o que dizer
Me desfazer

Envolto num branco
Torto no flanco
Quero voar
E não rastejar

E não lamentar

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pagando promessa





SAMBA

No meio da folia
Indecisão
Tanta alegria
Desarmonia
Mas só percebo
E também, recebo
Escuridão

Tanto pra olhar
Mas, ela não quer que veja
Não quer ser o que se deseja
Quer se isolar
É sua escolha
Ter sua ilha
Aonde se dança só
Uma dança que não levanta pó

Alegria e tristeza
Ausência de certeza
Falta um abraço
Mas o que diabos eu faço
Nesse samba dos opostos
Eu me ponho a postos
Pra entender os seus passos
Nossos compromissos
Descompromissados
Bagunçados

Não dá pra não rir
E também emocionar
Você sabe se divertir
Mas sabe se afugentar
Corre sem direção
Mas é minha intenção
Que você pare de sambar
Esse samba da confusão

Pode até ser que demore
Mas...
Não sou incapaz
Sei o que colore
Um cinza que não desfaz