quinta-feira, 25 de junho de 2009

Após momentos de agonia



VEM A LUZ


Minhas proibições que se falam tanto
Meu som amargurado do pranto
As dores inócuas em meu peito
E a total falta de respeito
Estou dilacerado

Já são duas da matina
E a idéia me atina
O sofrimento é opcional
A dor não é
A dor é o produto final
Mas sofrer
Vai do seu merecer

E magicamente
Uma luz se brota na mão
Tento capturá-la
Em vão
Ela não é minha
Ó idéia tão mesquinha
Querer insidiosamente
Pegar a iluminação e roubá-la

Malfeitos perfeitos
De um caminhante
Meu caminhar desfeito
Pela alegria constante
De errar e lamentar
Mas conseguir me firmar
Para seguir adiante

E a luz do firmamento
Ameniza o meu lamento
Para aqueles que duvidaram
E até criticaram
Abandono a mortalha sombria
E a escrita vazia
Pelo jardim
E o beija-flor
Pra que sentir dor?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sopros e sons



CONSORTE


Acaba a folha
Tento virar a página mas
O caderno chegou ao fim
De espanto digo "Ai de mim!"
E minha poesia inacabada
Como fica?

"Não se preocupes"
O sibilo congelado
Vem assim, meio de lado
Não pareço ter sorte
É a morte
Com sua presença forte
Anuncia que tem chegado

"Não pode terminar o sonho de um poema"
Tento, em uma fútil argumentação
Muito tenho para escrever
Sinto-me cheio de vida!
"Isso não deve ser um problema"
Vem a Morte me dizer
"Ainda tem muita coisa a ser lida"

"Mas as minhas rimas são diferentes!"
Clamo, em desespero
"Não são", retruca o Ceifador
"São os mesmos contentamentos descontentes"
E a fala me falha
"Se sua pena só cria curvas sinuosas de tristeza"
"Se flertas tanto com o sepulcro"
"Não deverias temer quando a morte é certeza"

E então, de sobressalto
O grito
Baixo, porém logo se torna alto
E então, as lágrimas
Não há morte do meu lado
E eu entendo o seu recado
Morri antes mesmo de morrer
Ao viver uma vida sem viver

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um poema não muito convencional



SEUS PEITOS


Peitos
Tão perfeitos
Que vem em pares
Alegria
Do tamanho dos mares

Em sua perfeição simétrica
Ou em alguns casos
Faltando um pouco de métrica
Reside atrás o coração
Um calor sem descrição
Me percorre
Quando me aconchego
Neste canto de apego
E minha tristeza morre

Mãos que deslizam
E me avisam
Aqui está o centro de tudo
Sentir isso
Por vezes me deixa mudo

Recanto acalentador
Não tenho nenhum pudor
De cultuar esta parte feminina
Basta um olhar
E pronto
Tudo se ilumina

É no carinho sincero
Ou no beijo com paixão
Sinto algo que espero
Que traga algum calor
Ou um pouco de emoção
E falo sem pudor
Mostre aqui os seus peitos
Tenha certeza
Eles vão ser aceitos


(haha fiz isso pra tesatar minha criatividade, acho que ficou até bom)

terça-feira, 2 de junho de 2009

A abnegação


O enforcado. Símbolo de entrega, negação de si, a verdadeira martirização.

Eu me enforco várias vezes, e desejo uma platéia.

Porém, não quero uma falsa sensação de leveza. Quero a glória verdadeira, destinada para aqueles que superam seus anseios e desejos, sua futilidade e mediocridade.

Queria conseguir escalar as montanhas mais altas, atingir o cume de cada uma delas. Apenas para sentir mais perto de algo superior.

Mas quando falta uma platéia, as vezes as coisas perdem a graça. Pra alguns, a platéia é mais importante que a escalada.

Eu era assim.

Constantemente olho pra esses meus escritos, e agora tento achar um novo rumo para eles. Se antes reclamava de que me faltava tristeza para escrever, agora comemoro: falta-me tristeza para escrever!

Porém, estou me esforçando para escrever de alegria. Poemas alegres parecem irrelevantes, sem profundidade. Porém, não seria essa uma forma de valorizar demais a dor e sofrimento?

Valorizamos demais nossos sacrifícios diários.

Então, enquanto me enforco, um poema bobo e simples para, quem sabe, ser o início de uma mudança de ares:



O GATO


Já diziam os antigos contos
Que quando nasce um felino
O céu diz "Eu te ilumino!"
E o gato se enche de graça
Um contraponto
Para um mundo que se prende na desgraça

Pequenos passos cambaleantes
Olhares suplicantes
Pedindo amor
Uma pequena bola de pelos andante
Que a qualquer instante
Será um exímio caçador

Brinca com o ratinho
Mas não por crueldade
Ele só sabe este caminho
Quem quiser julgar
Ou até condenar
O fará por pura vaidade
Futilidade em demasia
Recriminar tamanha alegria

Dizem que eles tem sete vidas
Idéias que passam despercebidas
Pois esta é uma numeração divina
Quer maior confirmação
De que algo ilumina
Esta cuidadosa criação?

Sob a luz da lua
Todos se põem na rua
E cantam para homenagear
O brilho tênue do luar
Que são uma eterna lembrança
Da luz que os banha
E traz a esperança