Há 9 anos
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Anjos que julgam...
CRIME
Sinos ressoam
Penas que voam
Um homem, acuado
Está para ser julgado
Neste tribunal de luzes
Ressoam muitas vozes
Porém uma em especial
É aquela que trará o seu final
Como a brisa matutina
Leve, graciosa
Um rosto quase de menina
Mas uma feição poderosa
Falas de solidão e de agonia
Pois este é o teu crime Egoísta
Essa sua incessante mania
Me cansas que insista
És julgado sem perdão
Tua alma só contém podridão
Me enerva esta tua postura
Tua paixão pela vida escura
As asas fazem uma pose feroz
E ele perde sua delicadeza
Mais parece um algoz
Espreitando sua presa
Não tenho a minima intenção
Se é o que esperas
De vir aqui e pedir perdão
No meio destas feras
Do meu crime sei muito bem
Peco com muito orgulho
Vejo a gota do orvalho
E sinto muito do que ela tem
Meu pecado é o sentir
Muito além do pensar
E não adianta colocar entendimentos
Nas curvas dos sentimentos
Herege! Maldito!
Ainda vangloria esta chama impura
Arrependa-se do que foi dito
Mas não espere alguma ternura!
Sei que não me compreende
Me acha uma abominação
Uma pena que não entende
Como trabalha a criação
Flerto com as trevas
Por dentro de minhas brumas
Mas não com intenções vis
Quero apenas coisas gentis
Ouça bem, anjo da Razão
Se é o fogo que me aguarda
Chame então aquele guarda
E jogue-me com paixão
Pois minha alma é tomada
Por tal chama tão odiada
E digo, com voz amena
Este é um crime que vale a pena
Não existe para você salvação
Pobre Egoísta insensato
Não preciso de sua lição
Acabe com isso, de imediato!
E o julgamento termina
De uma forma que fascina
Um fogo rubro envolve o firmamento
Afugentando todo e qualquer pensamento
sábado, 27 de dezembro de 2008
Algo como dar a luz...
(Pra alguém que vê a arte nas linhas mais tênues do mundo)
FILHOS
Ferro e brasa
Me arrasa
Dor sem fim
Mas é assim
Quanto choro
Sem decoro
Busque dentro
Eu enfrento
O pior que há
A nota lá
Soa em desacordo
Quase mordo
A escuridão interna
Mas me trava a perna
Faço um acordo
Letras esvoaçam
Nós que se desfaçam
Que prendem o meu interior
Sem um pingo de amor
Ponho tudo pra fora
Quero que isso acabe agora
Formas disformes
Páginas enormes
Música quase incessante
No fim, é um calmante
A sensação do criar
Cabe a você, todavia
A função de julgar
Isso gera harmonia
E também, melancolia
Agora, apreensão
Será que compreenderão
Mas já é tarde
Não faço alarde
Pois sinto aqui dentro
Um certo desalento
E já entendo de antemão
É hora de outra criação
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Nunca vou ser
UM CARA NORMAL
Peço por favor
Que ouça com atenção
Falo com o fervor
Quase uma oração
O que é ser normal
É algo que faz mal
Partindo do pressuposto
Que eu sou é o oposto
Maldita hora marcada
Dane-se a sua desfeita
Em sua face, estampada
Minha imperfeição perfeita
Meu desejo pelo correto
É minha armadilha
Meu peito que fervilha
Destruo o que há de concreto
Farelos em minha mão
Desfecho em decepção
Coleciono mais um fracasso
Me peçam que eu vou e desfaço
Preso em arames
Medos arquitetados em andaimes
Meu desejo é de ter uma furadeira
E desfazer toda essa besteira
Mas só dou um passo por vez
Creio em algo melhor
Não ignoro o que você fez
Esperando por algo maior
Serei sempre uma decepção
Dos que esperam mais firmeza
Sou fruto da minha emoção
Minha força e minha fraqueza
Vozes em lugares estranhos
Sons e cores misturados
Olhares muito enfadonhos
Deslocamentos extremados
Essa é minha prece
Ela no fim me entristece
Para ser um cara normal
Só quero ser é igual
Peço por favor
Que ouça com atenção
Falo com o fervor
Quase uma oração
O que é ser normal
É algo que faz mal
Partindo do pressuposto
Que eu sou é o oposto
Maldita hora marcada
Dane-se a sua desfeita
Em sua face, estampada
Minha imperfeição perfeita
Meu desejo pelo correto
É minha armadilha
Meu peito que fervilha
Destruo o que há de concreto
Farelos em minha mão
Desfecho em decepção
Coleciono mais um fracasso
Me peçam que eu vou e desfaço
Preso em arames
Medos arquitetados em andaimes
Meu desejo é de ter uma furadeira
E desfazer toda essa besteira
Mas só dou um passo por vez
Creio em algo melhor
Não ignoro o que você fez
Esperando por algo maior
Serei sempre uma decepção
Dos que esperam mais firmeza
Sou fruto da minha emoção
Minha força e minha fraqueza
Vozes em lugares estranhos
Sons e cores misturados
Olhares muito enfadonhos
Deslocamentos extremados
Essa é minha prece
Ela no fim me entristece
Para ser um cara normal
Só quero ser é igual
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
ZzZzZz
SONOLÊNCIA E DESPERTAR
Despertador
E o calor
Já é de dia
Que agonia
Estou acordado
Mas não despertado
Dentro de mim
Durmo sem fim
Passado que me prende
Presente que não me entende
Só posso aguardar
O que o futuro compreende
Abra os olhos
Você me diz
Fico feliz
Não tem atalhos
Troca a coberta
É tão esperta
Me deixa em paz
Não me desfaz
Quarto escuro
Pula o meu muro
Então ilumina
E a sombra termina
Peço perdão
Por te atormentar
Ouço um não
Em seguida, um abraçar
Não sinto dor
Só o calor
Já é de dia
Que alegria
sábado, 20 de dezembro de 2008
Sem título (?)
SOMBRA
É fim de tarde. Aquele período aonde fica claro e escuro ao mesmo tempo. Aonde o sol começa a perder sua força, mas ainda emana aqueles resquícios de calor e luz.
Um jovem procura uma sombra. Ele anda a esmo por um parque, na frente da minha casa. Me indago sobre suas intenções. Já está tão tarde, e ele anda, senta embaixo de uma árvore, procura uma sombra, e depois levanta, e repete o processo.
Seu andar é curioso. É como se não tivesse destino definido. Ele anda de forma despreocupada, olhando para baixo, sem nem se questionar se algo vem em sua direção. Então, subitamente ele para, e se senta.
Como se os ventos o empurrassem, e ele se deixasse levar.
Eu fico ali observando por horas. Ele caminha a praça inteira, sentando em todas as sombras possiveis. Já é quase noite, e já não existem mais sombras: tudo está tomado pelo véu da escuridão. As únicas sombras, agora, são as criadas pelas luzes dos postes.
Estas parecem não servir pra ele. Com que de repente, ele para, e se abaixa, sentando no meio da praça.
E ele se encolhe, abraçando suas pernas. Como se quisesse se proteger de algo. Como se quisesse lamentar sozinho.
E isso me comove, de certa forma.
Desperto, então, de meus devaneios. Já não há jovem na praça. Na verdade, nem há praça.
Só existe eu e minhas lembranças.
Lembranças de um jovem que buscava ser acolhido em qualquer canto.
Minhas memórias mais escondidas.
E então, fecho a janela.
O sorriso vem, mas...
INCERTEZA
Águas que levam sonhos
Também trazem meus demônios
Suas formas, torcidas, pandemônios
Marcados por desdenhos
E desenhos
De passos pesarosos
Desastrosos
Quando tudo está na mão
E vaza
Um momento que atrasa
E então
Tudo foi-se
Como um coice
Sem solução
Nas suas mãos com uma foice
Corta as folhas de forma rasa
Silêncio que me arrasa
Jatos de ar que saem do peito
Um grito
Logo, tudo está desfeito
O castelo tão bem erguido
Agora, destruído
Mas como pode isso acontecer
É algo que não pude prever
Só pode ser a minha incerteza
Uma viga mal estruturada
Que acaba com a firmeza
De minha fortaleza inacabada
Não existe desculpa
Jogue sua raiva
Como pedras em uma catapulta
Que acabam com a relva
Com o verde das folhas
São as minhas escolhas
Em forma de munição
Atiro em sua direção
Pois você vê as minhas falhas
Frases que soam como navalhas
E isso não tem perdão
O sorriso vem
Não me veja com desdém
Mas, como alguém com incerteza
E com medo também
De que veja minha impureza
Águas que levam sonhos
Também trazem meus demônios
Suas formas, torcidas, pandemônios
Marcados por desdenhos
E desenhos
De passos pesarosos
Desastrosos
Quando tudo está na mão
E vaza
Um momento que atrasa
E então
Tudo foi-se
Como um coice
Sem solução
Nas suas mãos com uma foice
Corta as folhas de forma rasa
Silêncio que me arrasa
Jatos de ar que saem do peito
Um grito
Logo, tudo está desfeito
O castelo tão bem erguido
Agora, destruído
Mas como pode isso acontecer
É algo que não pude prever
Só pode ser a minha incerteza
Uma viga mal estruturada
Que acaba com a firmeza
De minha fortaleza inacabada
Não existe desculpa
Jogue sua raiva
Como pedras em uma catapulta
Que acabam com a relva
Com o verde das folhas
São as minhas escolhas
Em forma de munição
Atiro em sua direção
Pois você vê as minhas falhas
Frases que soam como navalhas
E isso não tem perdão
O sorriso vem
Não me veja com desdém
Mas, como alguém com incerteza
E com medo também
De que veja minha impureza
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Tempo que não passa
INFÂNCIA
Papéis, terno e gravata
Nó que não desata
Por dentro não importa
Logo você fica farta
Da infância que não tem fim
Documentos, provas e pagamentos
Rios de enfrentamentos
Ainda olho pela janela
E não enxergo nenhuma mazela
Na infância que não tem fim
Notas, cheques e resultados
Pensamentos não apagados
Tudo pra mim é tão grande
E o mundo quer que eu ande
Dessa infância que não tem fim
Mais, menos e mais
Sinto medo demais
Parece que nunca vou crescer
Algum dia alguém vai entender
A minha infância que não tem fim
Sou um adulto disfuncional
Nem um pouco racional
Desfunciono a adultice
E apego a minha criancice
Enquanto cumpro minha função
De ser mais um cidadão
De grande não tenho nada
Veja além dessa camada
Mas, não olhe muito
Se, o seu intuito
For apenas uma histeria
Tirar da minha fantasia
Olhe bem pra mim
Minha infância... não tem fim
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
No fim é o que mais pesa
ATOS
Atos
Rima com fatos
É minha conclusão
Sem alguma emoção
Atos
Que trazem desacatos
Pra dentro do seu mundo
Sou eu que me confundo
Atos
Desenhos abstratos
É coisa corriqueira
Ou eu que dou bobeira
Atos
Jogadores natos
Brincando de amor
E também causando dor
Atos, atos, atos
Três vezes mais sensatos?
É muito divertido
Haverá você partido?
Espero que entenda
Sem nenhuma reprimenda
Não é o que queria
Vejo que tu sofria
Devido aos relatos
De todos os meus atos
Mas ouça apenas a mim
Espero não ser o fim
Mas vou compreender
Se você desfazer
Dessa união
Se não ver mais função
No fim, são consequências
De nossas consciências
Brincando, insensatos
Sem ver os nossos atos
Atos
Rima com fatos
É minha conclusão
Sem alguma emoção
Atos
Que trazem desacatos
Pra dentro do seu mundo
Sou eu que me confundo
Atos
Desenhos abstratos
É coisa corriqueira
Ou eu que dou bobeira
Atos
Jogadores natos
Brincando de amor
E também causando dor
Atos, atos, atos
Três vezes mais sensatos?
É muito divertido
Haverá você partido?
Espero que entenda
Sem nenhuma reprimenda
Não é o que queria
Vejo que tu sofria
Devido aos relatos
De todos os meus atos
Mas ouça apenas a mim
Espero não ser o fim
Mas vou compreender
Se você desfazer
Dessa união
Se não ver mais função
No fim, são consequências
De nossas consciências
Brincando, insensatos
Sem ver os nossos atos
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Façam o funeral
MORTE INTERNA
Sinto calafrios
É aquela velha história
Sons bem vazios
Que ecoam na memória
Réquiem de uma semana
Você não me engana
Não tem porque lamentar
Tentei te avisar
Dizem que sou maluco
Pois vejo tudo opaco
Quero só entender
Como é esse desfazer
Esqueça de me salvar
Pois vai se machucar
Quero que seja feliz
Com seu jeito de atriz
Meu sorriso que confunde
Qual é o dessa vez
Nunca esqueço o que fez
Mesmo que tudo inunde
Algo morre dentro de mim
E eu não faço menção
Espero que fique assim
Essa é minha punição
Pois sou um egoísta
Um grande tolo fascista
Marchando por esse caminho
Criando meu "Império do Eu Sozinho"
Quando for imperador
Ainda sim sentirei dor
Pois algo morre dentro de mim
E eu espero que fique assim
Não tem porque lamentar
Pois tentei te avisar
Você não tem que me salvar
Sinto calafrios
É aquela velha história
Sons bem vazios
Que ecoam na memória
Réquiem de uma semana
Você não me engana
Não tem porque lamentar
Tentei te avisar
Dizem que sou maluco
Pois vejo tudo opaco
Quero só entender
Como é esse desfazer
Esqueça de me salvar
Pois vai se machucar
Quero que seja feliz
Com seu jeito de atriz
Meu sorriso que confunde
Qual é o dessa vez
Nunca esqueço o que fez
Mesmo que tudo inunde
Algo morre dentro de mim
E eu não faço menção
Espero que fique assim
Essa é minha punição
Pois sou um egoísta
Um grande tolo fascista
Marchando por esse caminho
Criando meu "Império do Eu Sozinho"
Quando for imperador
Ainda sim sentirei dor
Pois algo morre dentro de mim
E eu espero que fique assim
Não tem porque lamentar
Pois tentei te avisar
Você não tem que me salvar
domingo, 7 de dezembro de 2008
Meu pedido de natal
SOLIDÃO ACOMPANHADA
Vejo o andar
Apressar
É meu tempo
Seu momento
Compre agora
Sem demora
Pois só vejo
Solidão
Pego a mão
Seu calor
Me traz dor
Compreensão
Não se vende
Vê se entende
Seu natal
Me faz mal
Pois só vejo
Solidão
Muitas vozes
Me incomodam
Céus atrozes
Intimidam
E eu corro
Para o mar
Então morro
De gritar
Pois só vejo
Solidão
Sem minha venda
Sofro demais
Não me entenda
Estou no cais
Quero esconder
O meu ver
Não aguento mais
Pois só vejo
A mim mesmo
Meu abismo
Solidão acompanhada
Quero fim
Na minha caminhada
De estar sem estar
Vem a mim
Cubra meu olhar
E me deixe descansar
Vejo o andar
Apressar
É meu tempo
Seu momento
Compre agora
Sem demora
Pois só vejo
Solidão
Pego a mão
Seu calor
Me traz dor
Compreensão
Não se vende
Vê se entende
Seu natal
Me faz mal
Pois só vejo
Solidão
Muitas vozes
Me incomodam
Céus atrozes
Intimidam
E eu corro
Para o mar
Então morro
De gritar
Pois só vejo
Solidão
Sem minha venda
Sofro demais
Não me entenda
Estou no cais
Quero esconder
O meu ver
Não aguento mais
Pois só vejo
A mim mesmo
Meu abismo
Solidão acompanhada
Quero fim
Na minha caminhada
De estar sem estar
Vem a mim
Cubra meu olhar
E me deixe descansar
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